PENSE EMPREGOS (ClicRbs) - Discípulos de Santo Antônio

13/06/2013

Entrevista veiculada no Pense Empregos (ClicRbs), a respeito das assessorias de relacionamento. Em tempos de relações cada vez mais superficiais, veja como profissionais têm unir casais como sua função principal

Encontrar a “cara metade” não é tarefa fácil. Entre as principais reclamações está a dificuldade de aprofundar as conversas em tempos de relações cada vez mais superficiais, marcadas por encontros rápidos e festas. No Dia de Santo Antônio, conhecido como “o santo casamenteiro”, celebrado em 13 de junho, o Pense Empregos conversou com duas proprietárias de assessorias de relacionamentos de Porto Alegre, e que têm unir casais como sua função principal. Dóris Helena Santiago Cunha, professora da rede municipal há 28 anos e às vésperas de se aposentar, sempre teve vontade de fazer algo diferente. Pensava como tinha facilidade de comunicação e de fazer amizade. Uma prima e uma amiga se inscreveram em uma assessoria de relacionamentos e contaram como funcionava. “Deu o estalo. Fiz pesquisas, interroguei bastante as duas para saber como era e pensei: posso fazer melhor ainda. Tenho energia”, conta. Assim surgiu a Incontri - Assessoria na Construção de Relacionamentos Afetivos, em 2010. Quem procura os serviços deve ir pessoalmente até a Incontri para fazer o seu cadastro. É recebido pela própria Dóris, que traça o perfil do interessado e o que ele procura para um relacionamento. Além disso, deve apresentar documentos, como certidão negativa de antecedentes, para comprovar a seriedade das intenções. “Antes, havia uma avaliação psicológica obrigatória, mas agora eu mesma faço o filtro e encaminho para um profissional caso perceba necessidade”, explica Dóris. O candidato também precisa encontrar confiança no assessoramento. “A única garantia que posso dar é a palavra. Minha ficha é limpa, eu sou bastante confiável, acho que eles percebem”, diz Dóris.

Enquanto em alguns meses poucas pessoas se cadastram, o meio do ano é um momento de maior procura pelos serviços. “Relacionamento é como uma planta: tem que semear, cuidar”, diz Maria Conceição Soares, proprietária da Fidelittá Assessoria Afetiva. Formada em Relações Públicas há quase 20 anos e casada há 25, teve a ideia através do marido, que morou no Sul da Alemanha. “Na Europa o serviço de assessoria de relacionamentos é mais comum, pois as pessoas são desconfiadas para encontrar desconhecidos na rua”, conta. Na primeira viagem à Europa com o marido, foi levada por ele em uma assessoria. “Achei fora de série e resolvi largar a estabilidade que tinha trabalhando em bancos para montar uma em Porto Alegre”, explica. A empresa faz nove anos em novembro, mas mais de 200 casamentos conquistados. O trabalho de apoio da Fidelittá começa na Psicologia. O interessado passa por uma entrevista, de cerca de meia hora, para conhecer o trabalho da empresa e contar sobre a sua vida. Além disso, dados como condições econômicas e culturais e tipo físico são listados. A equipe é liderada pela própria Conceição e ainda conta com quatro psicólogas e uma psicanalista que entrevista e testa personalidade. “Tem que ser bom para os dois lados. As pessoas nos procuram não por incapacidade, mas por não acreditarem que vão encontrar alguém em festas, na rua. O sucesso da assessoria é que temos um grupo de pessoas legais a fim de encontrar alguém”, explica Conceição. Existe um custo inicial para o cadastro que inclui dois anos de procura. Há também uma mensalidade que deve ser paga até o início do namoro. 

Perfil casamenteiro 

Nem todo mundo nasce discípulo de Santo Antônio. Para Dóris, é um dom. “É preciso ter capacidade de entender as pessoas e pré-disposição para ajudar o outro.” Já Conceição acredita que quem trabalha com assessoria de relacionamentos deve ter certa cultura para entender as diferenças, ser perspicaz para captar os sinais das pessoas, transmitir seriedade e entender a estrutura familiar. “É um trabalho bonito, a gente quer unir as pessoas. Eles querem namorar e eu tenho que ajudar. A família é o espetáculo da sociedade”, enfatiza. 

Na torcida 

Ao contrário de outras assessorias do mercado, como de finanças, por exemplo, a intenção das que formam casais é de que os clientes precisem dos serviços apenas uma vez. Como o negócio gira em torno da união, os casos de sucesso são aqueles que não voltam. No entanto, o contato posterior é muito importante. “Eu peço feedback para saber como ficou a relação. Se acabou, quero saber se alguém aprontou alguma coisa. É importante saber dos dois lados, até para se a pessoa voltar eu saber se indico ou não”, comenta Dóris. A proprietária da Fidelittá diz que já perdeu as contas de quantos casamentos já assistiu. Ela recebe emails, flores, acompanha as histórias e chama os antigos clientes de “amigos nossos”. “Vou a muitos casamentos e não me dão sossego. Todas as convidadas querem dicas e sempre preciso ter cartões da empresa. É um trabalho muito bonito”, diz Conceição. 

Satisfação com o amor alheio 

Para as duas assessoras de relacionamentos, a satisfação vai além do financeiro. Enquanto em algumas empresas os resultados são em quantidade produzida, a métrica da Incontri e da Fidelittá é a união das pessoas. “Ninguém quer mais que dê certo do que eu, ninguém torce mais por eles. Eu acredito muito no casamento, sou a favor e aposto muito em afinidades. Eu que tenho interesse no trabalho e cuido da assessoria, basicamente, sozinha. Fico empolgada com o serviço e quero deixar de herança para minhas filhas”, conta Dóris, que está no terceiro casamento e garante já ter utilizado o conhecimento de traçar perfis para encontrar suas afinidades. “Já consegui unir um dos casais mais bonitos que já vi. Ele tornou-se deficiente visual após ter sofrido um acidente. Encontramos uma moça que viu as fotos dele e gostou. Como ele não podia ver as fotos, tocou no rosto para ver como ela era. E ela se apaixonou. Disse ‘eu vou ser a luz dos teus olhos’. E eles casaram.”, conta Conceição, orgulhosa. “Dá compensação. O bom do meu trabalho é sentir as pessoas gratas. É preciso ver os frutos do esforço. Eu adoro o que eu faço. Só assim a gente vai para frente”, completa.

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